Adriana Luz

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Adriana
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domingo, 26 de outubro de 2008

Fobia

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Eu não sei qual é o meu caso. Mas já passei vários momentos vergonhosos por causa dessa minha fobia por bicho (e quando eu falo em bicho, estou incluindo todo o tipo: papagaio, passarinho, coelho, cachorro, barata, formiga...). E aí alguém me diz: “Você não pode misturar, há diferença entre bichos e insetos”.

Sinceramente? Nem quero saber.

Só gostaria de conseguir me controlar em alguns momentos. Hoje, por exemplo, num momento atleta de ser, depois de ter caminhado uns, digamos, quinze minutos por uma areia fofa e quente... deparei-me com uma dessas situações bizarras. Um cachorrinho, de mais ou menos 20 centímetros, todo saltitante e sujo de areia, cruzou o meu caminho. Num primeiro momento, não me preocupei. Vi que o bichinho era pequeno, e então, mentalizei: tá tudo certo. E continuei minha caminhada.. Não era possível que aquilo iria me incomodar...

Ledo engano. Não é que o bichinho invocou comigo?

Passou por mim, parou, levantou o focinho e decidiu me cercar, cheirar, encarar... Eu comecei a andar em círculos... E ele... TAMBÉM!!! Meu Deus! Que desespero! Por mais que eu dissesse: chispa!... ele não se tocava. E vinha cada vez mais perto. Meu pânico aflorou. Fiquei cega, surda, louca! Parecia que um tsunami iria me envolver areia e praia afora!! Comecei a gritar, a pedir socorro, a chorar (quase!). Até que o dono do cachorro resolveu dar o ar da graça ...

_ Moça, ele é um filhote, só tem 20 centímetros!

E o pegou no colo.

Eu, com um misto de vergonha e raiva, só consegui balbuciar:

_Desculpa, moço, tenho trauma de cachorro.

Trauma de cachorro? Ele me olhava como se não quisesse acreditar... De onde eu tirara isso? - deve ter pensado...E eu, com uma vontade de gritar: sim, eu tenho trauma de barata, de lagartixa, de mosquito, de formiga... E de cachorro!!!! Mas engoli em silêncio meu vexame.
E saí andando, com vontade de sumir. Ou de fazer sumir todos os bichos que há no mundo.
Um casal deitado na areia, olhava e achava graça daquela cena que eu acabara de protagonizar.Lancei um olhar fulminante aos dois, e fixei meus olhos na barriga daquela horrorosa que me escarnecia. Ela disfarçou o sorriso.E eu segui em frente...
Bom, tenho de admitir. Morro de medo de cachorro. E isso é um problema, porque aonde quer que eu vá há cachorros, saltitantes, felizes, loucos pra me cheirar, me envolver, me lamber... mas na minha cabeça - vá entender - eu sinto que vou virar ração...
Eu sei que ninguém entende...
E por isso o desespero... Estou sozinha no mundo dos medos. E, pior, esse mundo, na minha cabeça, é real.

Oh, vida.

(Adriana Luz - 21 de abril de 2008)

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